Olá caros colegas e amigos
Em anexo envio as fotos do DESCARTE sem vergonha e descarado da Biblioteca Pública Pelotense.
Prestem atenção nas fotos que se seguem.
Peço a vocês, que assim como eu estão indignadíssimos com essa atitude irresponsável, repassem estas fotos para o máximo de pessoas que puderem.
Isso não pode ficar sem divulgação!
Para que possam entender melhor, aqui vão alguns esclarescimentos:
A primeira foto trata de uma das idas do caminhão a frente da biblioteca. Está cheio de caixas, mas fechadas.
A segunda e a terceira, são fotos de uma carroça carregando jornais. Veja que apenas estes são tão grandes assim, pois um jornal no passado, tinha um tamanho de 60 cm a 44 cm, ou um pouco menos, como 52X 42 e eram encadernados por semestre ou trimestre. Então, o volume deles é inconfundível.
Do que aparece nas carroças, dá para ver que os livros e jornais não estavam estragados ou em fragmentos, como foi dito pela presidente da biblioteca. Estavam inteiros e, mesmo se tivessem fungos, isso poderia ser revertido, pois fungo morre com ventilação e um ambiente de refrigeração controlado impede sua proliferação. Em último caso, o sol mata o fungo, embora tenha que ser usado com cuidado, pois também prejudica o documento.
Muitos dos jornais que aparecem são tomos do Diário Popular, reconheciveis pela encadernação, que, na biblioteca, foi utilizado há tempos para os jornais Diário Popular e Opinião Pública. Portanto, pode ser um dos dois jornais.
Na verdade, deve ser dito que havia duas coleções do Diário Popular. A primeira, foi encadernada pela propria biblioteca e vinha desde seus primeiros exemplares.
Na década de 1990, a biblioteca recebeu toda uma segunda coleção, de 1890 a 1992, que era aquela que estava na redação do proprio jornal. As duas foram misturadas, uma coleção completa ficou em uso e a outra guardada no porão. Só isso, já dava um volume muito grande de jornais.
No porão não há mais nada. Em visita recente contatou-se que não há mais um jornal lá dentro: nem Diário Popular, A Federação, Diário de Noticias, Diário Oficial, Gazeta de Porto Alegre (este um jornal que ia de 1879 a 1884 e agora só sobrou os primeiros semestres de 1879, 1882 e 1884), e vários outros jornais, especialmente de Porto Alegre. Em dezembro de 2000, a professora Beatriz Loner e Dona Sonia Garcia publicaram, na História em Revista nº 6, revista do núcleo de documentação histórica da UFPel, onde aquela trabalha (e que está online www.ufpel.tche.br/ich/ndh) uma relação com todos os jornais que haviam na biblioteca. Depois, isso foi mexido bastante, jornais subiram e desceram para o porão, pois lá em cima só ficaram os que estavam em uso. Ainda outros, para os quais não havia muito espaço também ficaram no porão.
E agora, se for feita a comparação com o que tem no CDOV da biblioteca, a diferença é gritante.
O porão era a reserva técnica e agora não tem mais nada de livros ou jornais, apenas algumas caixas já embaladas para descarte, mas muito pequenas para conterem estes grandes jornais. Isso, obvio, sem falar em outros (e muitos) livros, como também pode-se ver na pequena mostra formada pelo material desta carroça, uma de muitas que devem ter levado o material, dos caminhões para o sebo.
Enfim, sabe-se que os jornais pelo menos não foram reciclados, o que já é muito, embora estejam perdidos para a pesquisa científica, pois seu destino provavelmente será das coleções individuais, feitas para a satisfação pessoal de alguns e o lucro de outros.
Eu dei uma boa olhada nas outras salas da biblioteca e nenhuma delas contem os jornais e os livros que estavam no porão. E nem poderiam, pois seu espaço é pequeno e não caberia este material todo. Exatamente por isso é que se usava o porão. Era muita coisa.
Muito obrigada!
Abraços,
Nádia Coelho.
8 comentários:
Absurdo!
Pois bem, testei o post de comentários para verificar se havia moderação. Sou professor de História, morador da cidade de Capão do Leão e afirmo, sem meias verdades, o que vou relatar agora: Isto não é nenhuma novidade!
Agora já faz tempo, mas há alguns anos atrás a Bibliotheca Pública Pelotense fazia "descarte" de material e enviava para a Biblioteca Municipal de Capão do Leão. Eram caixas e caixas que chegavam aqui. Até aí nenhum problema. Recordo-me de duas ocasiões em que isso aconteceu: 1997 e 2001. Afinal, não é problema porque era uma instituição doando a outra um material que "talvez" fosse repetido.
Só que tinha um detalhe como chegavam até aqui muitos livros antigos ("velharias" na visão de alguns), parte do "descarte" era descartado novamente! E para onde ia? Teve uma vez que colocaram as obras em melhores condições para doação às escolas...não quiseram! Então colocaram para doação à comunidade: quem quisesse levava algum livro de seu interesse, pois não interessava a Biblioteca de Capão do Leão ficar com aquele "monturo". Mesmo assim não deu certo e optaram por outra alternativa.
Resolveram então contatar um "reciclador de papel" que comprava papel a R$ 0,07/kilograma. O que na época até era um valor considerável (1997).
Eu era frequentador da biblioteca do Capão do Leão e aquilo para mim também não passava de "lixo" (guri de dezessete anos na época). Bem verdade, tinha um material que podia ir mesmo para a reciclagem: exemplo: pilhas e pilhas de uma apostila para um concurso da CEEE. Porém, havia o material mais antigo que não era "lixo", porém preciosidades que foram descartadas pela BPP, mas que eram antigas, só isso. Como não tinham "capinhas novas" e algumas estavam em língua estrangeira, não interessava à biblioteca. Então, surgiu a opção do tal "reciclador de papel".
Sem maiores pretensões, comentei com uma tia minha que na época cursava Artes Visuais na UFPel. Ela tinha um colega que adorava livros e era colecionador (bibliófilo). O sujeito veio então a Capão do Leão, pois minha tia havia comentado com ele do tal "descarte" que estavam fazendo aqui. Chegando lá, ele perguntou sem maiores esperanças de encontrar alguma coisa mais rara que um livro de OSPB da década de 70, se podia dar uma "olhada"?
Bem, o homem tomou um choque! Além de várias obras antigas de autores brasileiros, havia no "monturo" do descarte, raridades de inestimável valor. Então ele perguntou qual seria o destino daquele material?
Responderam-no que ia para a reciclagem. O sujeito ficou maluco, disse que aquilo era um crime, que havia coisas ali de enorme importância patrimonial. Altiv@, @ funcionári@ respondeu-lhe o seguinte: Olha se o senhor quiser pode levar, só tem um detalhe, o senhor que arrume uma condução e pode limpar isso aí tudo!
Pois é, vocês acham que ele pensou duas vezes?
O homem felicíssimo no outro dia estava lá cedo com seu carrinho fubeca e fartou-se. E sabe o que havia no "descarte" do descarte, coisas totalmente sem valor (estou sendo irônico, viu?) como:
- Uma edição de um livro de poemas de Lord Byron, editada na Grã-Bretanha, datando de 1839.
- Uma enciclopédia francesa de Química de 1851.
- A primeira edição de "Reinações de Narizinho" de Monteiro Lobato.
- Um livro com selo e estampa nazistas sobre ginástica naturista e com ilustrações.
- Uma coletãnea de mapas do Rio Grande do Sul de 1877 (esta eu fiquei mais estupefato!) extremamente bem conservada, com descrição de cidades, vilas e estradas.
- Uma coletânea da National Geographic norte-americana de 1820, com todas as edições de 1911 até aquele ano.
Entre outras preciosidades bibliográficas, muitas das quais até desconheço.
Hoje, ele possui um excelente acervo de livros raros, conseguidos gratuitamente e é funcionário público numa cidadezinha em Santa Catarina.
Amigos, isto não é história de terror (rsrsrs), mas é REAL!
Pergunte à Dona Sônia da BPP, que trabalha no Acervo dos jornais, se esta história não é real?
A propósito, não adianta me procurarem, viu?! Eu como era ignorante na época, só me interessou umas revistas Placar!
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