Inventário vai resgatar arte do doce
Os doces de Pelotas poderão se tornar patrimônio cultural do país através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o que deve ter como ponto de partida levantamento minucioso sobre a tradição e a arte de fazer doce no município, divulga a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local.Através do Programa Monumenta, cerca de R$ 75 mil serão liberados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) à CDL, a entidade proponente do projeto, para a pesquisa. A partir de março, com a chegada de cerca de R$ 40 mil, equipe técnica formada por antropólogos e historiadores dará início às atividades. Serão dez meses de trabalho intenso, no qual estão previstos levantamentos documental e bibliográfico sobre a atividade doceira na cidade e entrevistas com profissionais do ramo e outras fontes que possam dar subsídios à investigação. Municípios como Morro Redondo e Capão do Leão também estão na rota dos pesquisadores, já que pertenciam a Pelotas antes da emancipação.“É importante ressaltar que tudo seguirá uma metodologia fornecida pelo Iphan. Estaremos junto da equipe, monitorando e ajudando a coordenar o trabalho”, destaca a arquiteta Paulina von Laer, da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), órgão indicado pelo Iphan para supervisionar o trabalho em Pelotas.Além daqueles de origem portuguesa, os doces em pasta, cristalizados e em conservas também farão parte do material. Depois de compilados, todos os dados poderão ser encontrados no produto final do trabalho: um inventário de referência cultural sobre a produção dos doces tradicionais pelotenses.Bens de natureza imaterial reconhecidos Não são somente os prédios históricos que podem fazer parte do patrimônio cultural do país. Instituído pelo Decreto 3551, de 4 de agosto de 2000, o registro de bens culturais de natureza imaterial também reconhece “o suor, o sonho, o som, a dança, o jeito, a ginga, a energia vital, e todas as formas de espiritualidade da nossa gente” como patrimônio cultural.“Neste sentido, o Ministério da Cultura é bem claro. O mapeamento cultural do Brasil abrange também as coisas imateriais, que vão muito além das edificações históricas. É o caso do nosso doce”, explica a arquiteta da Secult, Liciane Almeida.O presidente da CDL, José Laitano, está otimista quanto à conquista do título de patrimônio cultural nacional e, sobretudo, com a própria repercussão do inventário. Para ele, o material proporcionará incremento à atividade turística e à própria atividade doceira no município.“Acredito que através deste reconhecimento estaremos instrumentalizando também o poder público para a criação de políticas de preservação voltadas para bens culturais imateriais”, diz o dirigente, que confirmou aporte financeiro de cerca de R$ 20 mil para a execução dos trabalhos, valor correspondente à contrapartida de 30% exigida pelo projeto. Com a conclusão do inventário, as portas no cenário nacional devem se abrir para os doces de Pelotas. Além da possibilidade de se tornar patrimônio cultural do país, o produto poderá ganhar até selo de qualidade. Outras ações, como a criação do Museu do Doce, também são cogitadas pela Secult.
Matéria do Diário Popular - 05/02/2006
2 comentários:
Possuo um blog com informações sobre Capão do Leão, caso necessário. Sou historiador e tenho outro blog a indicar.
Meu blog é capaodoleaohistoriaecultura.blogspot.com
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